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sexta-feira, 13 de agosto de 2021
Seu Pintado, nos deixou pra se tornar Lenda
José Romario de Oliveira (Pintado), apelido de Infância, devido às "sardas", nasceu na Costa da Serra, Montenegro RS, em 28 de Junho de 1933.
Filho de Maria Dorcelina de Oliveira, conhecida pelo apelido de Dna Mota e Dorval Melo, 4° filho num total de 6 irmãos.
Edgar de Oliveira, o mais velho e, na ausência do pai, assumiu o papel, sendo fundamental na criação e educação dos irmãos.
Comerciante conhecido em Montenegro e Vereador por vários mandatos.
Demais irmãos:
Donario Francisco de Oliveira. Luiza Doreni Streb (Tia Le), Maria Dejanira Krein (Tia Deja) e Eva Claudina Silva, conforme foto no vídeo.
Obs:
Nomes das Irmãs, sobrenomes de casadas.
Aos 5 meses saiu da Colônia com a família, pra morar na área urbana de Montenegro.
Primeira morada, Rua Nabinger, onde hoje é a Loja Para Todos.
A segunda, Rua João Pessoa, em frente a antiga Madeireira Rigon.
Aos 7 anos, matriculado no Grupo Escolar Delfina Dias Ferraz, onde cursou até o 2° ano primário.
Segundo sua mãe sempre comentou, adorava estudar, mas a vida não deixou que permanecesse na Escola.
Aos 8 anos começou a trabalhar como Padeiro, trabalho conseguido pelo irmão Edgar.
Função se resumia em distribuir o pão nas residências, na madrugada e montado em lombo de Cavalo.
Acordava às 03h00 da manhã, de segunda à segunda.
Tempos difíceis. Ele mesmo contava.Tinha apenas uma calça, uma camisa e um par de botas. Quando chegava em casa no final da tarde, roupa era lavada, colocada pra secar no fogão à lenha, pra ser usada no dia seguinte. Nas noites frias, o bicho pegava.
Aos 15 anos passou a trabalhar por conta própria, após comprar suas primeiras éguas; Estrela e, posteriormente, Vidraça.
A condição financeira melhorou, já possuía roupas apropriadas e pode comprar a primeira carroça. Luxo pra quem vinha de cavalgadas "em pelo".
Em 1952 começou a namorar Agler, mulher que se tornaria sua esposa, mãe dos seus 3 filhos, Julio César de Oliveira, José Romario de Oliveira Filho, Roseli de Oliveira Moraes e companheira por 69 anos.
Em 1954 comprou o terreno ao lado de onde morava com a mãe e construiu sua primeira casa.
Casou em 1954.
Chefe de família responsável, com alguns rompantes de "insanidade", principalmente se mexessem com sua grande paixão.
Em 1955, depois de desafiado, apostou a própria casa num Grenal.
Era de paz, mas não admitia que falassem mal da família, dos amigos e do seu amado Grêmio.
O Grêmio venceu o Grenal, mas estava escrito que perderia sua casa. Se obrigou a vendê-la pra custear tratamento do 2° filho que, nos primeiros anos de vida, peregrinou por Hospitais.
Em 1960 comprou a primeira Kombi. Grande salto profissional.
Jamais havia pego num volante. Na Concessionária ouviu explicações de como dirigir e, no final de semana, foi pra praia com a família. Sua forma de conduzir o veículo, passava impressão de ser motorista profissional, com longos anos de experiência.
Em 1969 inaugurou, em Sociedade com seu Irmão, Armazém Edgar Oliveira & Irmão, na Rua Assis Brasil, em frente ao Hospital Montenegro.
Os negócios prosperaram. Sua reputação como Vendedor eficiente e confiável, lhe rendeu a Representação no Vale do Cai, do Frigorífico Renner. Empresa que representou e defendeu com lealdade.
Com a falência do Frigorífico, vários Representantes entraram na Justiça, exigindo indenização.
Ele se negou. Jamais faria uma traição desse nível, à uma Empresa que tanto lhe ajudou.
Assim agia Seu Pintado. Seguia seus conceitos de ética e lealdade, sem priorizar ganhos financeiros.
Um dos poucos vendedores que chegavam nos clientes. Conferia o que faltava. Colocava a mercadoria, apresentava a nota e ia embora, sem a necessidade de ter alguém fiscalizando.
Em 1971 os Irmãos abriram a Padaria, Panificadora Oliveira, em frente ao HM, na Rua Osvaldo Aranha. Vendida anos mais tarde à Família Flach.
Nessa época, conhecido por sua popularidade, recebeu vários convites pra concorrer a Vereador. Mais um sonho que jamais realizou.
Dizia não aos convites, sempre com a mesma alegação.
Seu Irmão era Vereador. Certamente disputaria reeleição e ele jamais iria prejudicar ou concorrer com alguém da família.
Uma marca registrada. Ele em 2° lugar.
Prejuízo pra ele era perder amizade ou respeito de pessoas, em nome de vantagens.
Em 1965 conseguiu comprar uma nova casa, se livrando do aluguel depois de 9 anos, na Rua João Pessoa 2080, vendendo-a 4 anos mais tarde, pra adquirir sua morada por 52 anos, até o dia de partir desse plano, na Rua Assis Brasil 1719.
Esse foi Seu Pintado, crianca que se fez adulto na infância, mas permaneceu o eterno menino, brincalhão, ingênuo e sempre disposto a ajudar.
Sua História se confunde com a História de Montenegro, principalmente por suas conquistas no Esporte, conforme vídeo abaixo.
No Dia 31 de Julho de 2021, depois de travar batalha inglória contra limitações do seu cansado e desgastado organismo, Seu Pintado nos deixou, vítima de Parada Cardíaca.
O seu Legado permanecerá. Serviu de exemplo, mostrando na prática o que sempre repetia.
" A gente não pode evitar as amarguras da Vida, mas depende de nós, como as enfrentaremos. Se o problema tem solução, não há porquê chorar. Se não tem, não adianta chorar. A Vida continua."
Por mais que discordasse de um comportamento ou forma de pensar, jamais criticava publicamente. Se questionado a respeito, respondia: "É o preço que se paga, por viver demais."
Vá em paz Seu Pintado. Na certeza que não viveu demais. Viveu o suficiente pra nos deixar um exemplo, a ser aplaudido de pé.
A Montenegro tão amada, saberá honrar a sua Memória.
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